Mundial do Qatar: as consequências laborais de uma prova internacional com 92 anos
O Mundial do Qatar está à porta, e pela 1.ª vez em toda a sua história, a competição será realizada durante o inverno. A prova rainha de seleções costuma ter palco durante as paragens de verão das principais ligas, no entanto, em 2022 a prova será realizada durante o inverno, no Qatar. A justificação para as datas escolhidas (novembro e dezembro), segundo o Diário de Notícias (2018) tem por base dois argumentos: as altas temperaturas que se fazem sentir no Qatar durante os meses de junho e julho e a melhor condição física dos jogadores, sendo que as épocas desportivas já começaram e que devido a isso a sua condição física é superior à que têm nos meses de verão.
Como são as regras e os hábitos no Qatar
Como muitos devem saber, uma parte dos países do médio oriente, praticam práticas que são vistas de forma conservadora e até arcaica aos olhos da sociedade ocidental.
Algumas das políticas adotadas pelo Qatar consistem na limitação da venda e consumo de bebidas alcoólicas a turistas. As autoridades do Qatar ainda estão a finalizar a legislação relativamente à venda e consumo de bebidas alcoólicas durante o Mundial 2022. Até ao momento, segundo o Portal das Comunidades Portuguesas, bebidas alcoólicas apenas serão disponibilizadas em bares e restaurantes com licenciamento apropriado. Consumir álcool, ou estar embriagado na via pública é considerado um delito.
A vida privada de cada um é respeitada no Qatar, mas apenas em contextos privados. A demonstração de carinho em público entre casais homo ou heterossexuais também é proibida.
Segundo o Portal das Comunidades Portuguesas, o consumo de carne de porco também é proibido no Qatar. Além da captação de imagens audiovisuais do ambiente envolvente da país. O uso de estupefacientes também é proibido, tal como a pornografia.
A preparação do Mundial do Qatar
Para preparar uma prova como um mundial de futebol é necessário um avulutado investimento monetário, além de mão de obra suficiente para cumprir os prazos a tempo da realização da competição.
Foi no ano de 2010 que a nação do Qatar foi escolhida para a organização do Mundial 2022. Com 12 anos para a preparação, deram-se início à aquisição da mão de obra – proveniente de países pobres asiáticos – para construção dos estádios, de estradas, um novo aeroporto e novas unidades hoteleiras.
Segundo uma investigação do The Guardian, desde o período entre 2010 até 2020 mais de 6500 migrantes morreram a trabalhar nas obras para acolher o Mundial de 2022, no Qatar. As descobertas dos números foram compiladas de dados governamentais de países como o Bangladesh, Sri Lanka, Índia e Nepal. O número de mortos, ao que tudo indica, é significativamente maior, pois houve migrantes de países como as Filipinas ou Quénia, onde não houve recolha de dados relativamente à morte de alguns dos seus migrantes.
O jornal The Business Insider considerou, à imagem do The Guardian, coclusões semelhantes. Muitas famílias viram familiares seus partir para o Qatar, mas não os viram a regressar. Mais de 80% das mortes foram relatadas por causas naturais. Nessas causas naturais autopsias não eram feitas, e há quem defenda que os trabalhadores morreram devido à exploração de trabalho contínuo com poucas horas de descanso, e a trabalhar constantemente debaixo de temperaturas absurdas, em que muitas vezes estavam acima dos 50.Cº.
Kafar é o termo técnico que se designa à monitorização do trabalho de trabalhadores não qualificados em alguns dos países do Golfo Pérsico. Este sistema exige que todos os trabalhadores do país dentro dos setores mais precários tenham um patrocinador, que geralmente acaba por ser o patrão. Geralmente fica responsável pela situação legal e pelo visto dos trabalhadores, o que dá aso à exploração laboral, em que os trabalhadores são obrigados a trabalhar em condições sub-humanas, sem direito a trocar de trabalho e muitas vezes sem receber o seu salário.
Os mundiais são as competições em que os apostadores mais gostam de disponibilizar parte da sua banca para apostar. Independentemente dos escândalos associados à organização do Mundial 2022, maior parte dos apostadores não deixarão de seguir os prognósticos.